Os casos de raiva provocados por morcegos hematófagos (Desmodus rotundus)
resultam em enormes prejuízos aos pecuaristas. Em Goiás, as regiões da
Estrada de Ferro, Minaçu, Uruaçu, Niquelândia, Corumbá e Pirenópolis
merecem atenção especial devido à alta incidência desses animais. O trabalho de controle dos morcegos hematófagos e
as ações educativas são realizadas durante todo o ano pelos fiscais
estaduais agropecuários, veterinários, da Agência Goiana de Defesa
Agropecuária (Agrodefesa). Eles atuam, principalmente, com o objetivo de
identificar as espécies hematófagas e baixar esta população a níveis
aceitáveis. Leonardo
Tomaz, da Gerência de Sanidade Animal, explica que
apesar dos prejuízos, os morcegos são importantes no equilíbrio
ecológico, além de serem protegidos pela lei federal nº 5.197/67, do
IBAMA, pois são animais silvestres da fauna brasileira. Por esta
razão, não é possível a eliminação completa como muitas vezes quer o
proprietário rural, mas é utilizado um método seletivo de redução da
população que, na verdade, preserva as espécies que não se alimentam de
sangue. Bovinos
de leite de raças europeias são mais dóceis e, por isso, estão mais
propensos ao ataque da espécie que é facilmente encontrada em cavernas,
grutas, casas abandonas, pontes, entre outros. “Já trabalhamos,
inclusive, um projeto de mapeamento dos pontos de risco no trecho da
Ferrovia Norte Sul que passará pelo Estado, cuja obra vai criar muitos
abrigos artificiais”, adianta Leonardo. A Ferrovia Norte e Sul terá um
trajeto de 516 Km em território goiano. Qualquer
morcego pode carregar o vírus rábico, mas para que ocorra a transmissão
para os bovinos é necessário o contato da saliva com o sangue de algum
animal do rebanho. Uma das medidas de prevenção contra a raiva é a
vacinação do gado anualmente, obrigatória em alguns municípios do Estado
considerados de alto risco para a raiva, conforme a Instrução Normativa
n.º 001/05, da Agrodefesa. O animal com diagnóstico da doença deve ser
isolado e morrer naturalmente. Um
dos problemas enfrentados pelos fiscais da Agência é a pouca disposição
do produtor rural em identificar na sua propriedades os locais de
abrigo dos morcegos e notificar o serviço de defesa agropecuária. “Nosso
trabalho é ir ao local, realizar a captura por meio de redes,
identificar os hematófagos e, deste grupo, encaminhar para análise em
laboratório dez por cento”, explica. Para sua eliminação é utilizada a
pasta vampiricida, produto químico a base de anticoagulante. O
veneno é aplicado diretamente no morcego capturado pelo serviço
veterinário oficial ou ao redor da mordida feita pelo morcego no bovino,
já que o hematófago tem o hábito de utilizar da mesma presa mais de uma
vez. A pasta colocada na ferida é levada para os esconderijos
favorecendo a contaminação dos outros hematófagos do grupo. Este método
pode ser realizado pelo produtor rural, desde que seja observado os
devidos cuidados no manuseio e acondicionamento do produto. No
entanto, os produtores rurais, não devem fazer a captura dos morcegos
ou estarão cometendo crime ambiental. Só órgãos oficiais da saúde, meio
ambiente e de sanidade animal podem colocar em prática as ações de
controle, sem autorização prévia do IBAMA, e mesmo assim especificamente para controle da espécie
hematófaga. Há ainda o risco de expor a própria saúde. Como a raiva é
uma zoonose, é
importante se proteger da mordedura do animal usando corretamente os
equipamentos de proteção individuais. Se você tem casos neurológicos na sua região, não deixe de coletar material e submeter o encéfalo para diagnóstico no LPV e amostras adicionais para diagnóstico virológico nos laboratórios oficiais. Em Goiás, a imunofluorescência direta para raiva é realizada no LABVET-AGRODEFESA que fica no Campus II da UFG, Goiânia/GO.
Fonte: www.agrodefesa.go.gov.br
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